sexta-feira, 21 de agosto de 2009

Eucaristia, fonte de Santidade!

Em abril de 2003, o Papa João Paulo II publicou uma encíclica que versa no valor da Eucaristia para a vida da Igreja. Essa encíclica, certamente, foi um dos grandes legados de João Paulo II para a nossa história, visto que a Eucaristia se constitui como o escopo para a caminhada de fé do povo de Deus, de tal modo que, uma reflexão em torno deste sacramento no alvorecer do novo milênio, se constitui, sem sombra de dúvidas, num convite do Romano Pontífice para o retorno do olhar para aquela realidade primordial que foi o centro da experiência do Cristo Ressuscitado na Igreja Primitiva.

De acordo com o Papa, na “Na Santíssima Eucaristia está contido todo o tesouro espiritual da Igreja, isto é, o próprio Cristo nossa Páscoa e o pão vivo que dá aos homens a vida mediante a sua carne vivificada e vivificante pelo Espírito Santo” (Cf. Ecclesia de Eucharistia). Portanto, partindo das palavras do Papa, podemos deduzir que na Eucaristia os fiéis encontram a fonte de toda a graça e de toda a vida a que precisam para a sua própria santificação. Porém, toda essa riqueza contida na Eucaristia não esvazia nem diminui a riqueza dos demais sacramentos, uma vez que todos os sacramentos são sinais de Cristo vivo na Igreja. Entretanto, a Eucaristia, de modo mais visível, é a mais perfeita expressão da presença de Cristo na comunidade dos discípulos, visto que, seguindo o desígnio do próprio Pai, Ele se fez Pão e Vinho para manifestar o seu amor, fazendo-se alimento revigorante na longa trajetória rumo a posse do Reino inaugurado por Ele. Além do mais, mediante a Eucaristia, Cristo, com o intuito de realizar o cumprimento da promessa de permanecer conosco até o dia da sua vinda gloriosa, armou sua tenda entre nós com o intuito de nos falar amigavelmente mediante o ‘escândalo’ da simplicidade da Eucaristia.

Entrementes, o Sacramento da Eucaristia é o viático da nossa longa jornada...! É o alimento que revigora as energias e nos capacita para enfrentar o desânimo que muitas vezes nos abate durante essa difícil trajetória em direção à posse do Reino definitivo. Foi, precisamente, partindo dessa compreensão, que muitos santos devotados à Eucaristia puderam aurir desse alimento espiritual a força necessária para vivência da piedade, alimentando, desse modo, o alento de uma maior configuração com o Cristo Ressuscitado. Movido por esse sentimento, Santo Tomás de Aquino implorava com grande vigor: “Que eu receba o pão dos anjos, o Rei dos Reis e o Senhor dos Senhores, com o respeito e a humildade, com contrição e a devoção, a pureza e a fé”. Essa oração de Santo Tomás, tantas vezes rezada como prece preparatória para a Santa Missa, manifesta o grande tremor com que se apresenta à mesa eucarística quem tem clara consciência da magnitude desse sacramento, bem como da inadequação da própria pessoa que dele se alimenta.

Dom Helder Câmara nos deixou um grande testemunho do seu imenso amor para com a Eucaristia. De acordo com as pessoas que tiveram a oportunidade de conviver com ele, era muito comum ouvi-lo dizer que o ponto mais alto do seu dia era o momento em que celebrava a Santíssima Eucaristia. O detalhe mais impressionante era o fato de que ele celebrava diariamente às cinco horas da manhã. Portanto, dizer que a Eucaristia era o ponto mais alto do seu dia equivaleria a dizer que tudo o que decorre depois desse momento santo era declínio. Nesse sentido, o ponto mais alto não estava nas muitas atividades pastorais realizadas por um Bispo, mas na sua fonte de onde ele encontra força para conduzir o rebanho a ele confiado.

Finalmente, diante desse alimento, exclamemos com as palavras do Papa Clemente XI:
Meu Deus, eu creio em vós, mas aumentai a minha fé;
espero em vós, mas tornai mais confiante a minha esperança;
eu vos amo, mas afervorai o meu amor;
arrependo-me de ter pecado,
mas aumentai o meu arrependimento
”. (Oração de Ação de Graças – LH)

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