quinta-feira, 27 de novembro de 2008

O sentido da espera

A revolução tecnológica vem modificando profundamente o modo de vida dos homens. Com efeito, as facilidades, a comodidade e a rapidez com que os instrumentes eletrônicos nos atendem é surpreendente! Para se ter uma idéia, basta citarmos o fato de que ninguém quer mais assistir TV tendo que levantar-se de sua poltrona para mudar o canal. Além do mais, a Internet viabilizou a aquisição de mercadorias sem sair de casa e a entrega é realizada em um prazo cada vez mais curto.

Evidentemente, tudo isso é visto por todos como algo bom e desejável. Contudo, todo esse aparato tecnológico proporcionou profundas mudanças na vida das pessoas mergulhadas no mundo do consumo, tornando-as incapazes de esperar algo. Sem dúvida, essas conquistas são de grande validade para todos nós e não se trata aqui de levantar uma bandeira anti-modernista, mas o que se pretende é chamar a atenção para não sermos tragados pelo imediatismo vigente em nossa cultura, pois o resultado de tudo isso é a relativização da própria pessoa, visto que o processo de construção de nossa individualidade exige um período logo de dormência no qual a única coisa que resta a fazer é esperar.

Além do mais, para nós cristãos, o que fundamenta nossa prática, é a certeza de uma realidade que está por vir, mas que, em germe, já a possuimos! De fato, que este tempo do advento nos proporcione uma fé espectante Naquele que nos visitará com o intuito de nos elevar à familiaridade divina!


terça-feira, 25 de novembro de 2008

A linguagm dos cães

Certo dia um menino foi enviado pelo pai a percorrer todas as aldeias da região afim de que aprendesse alguma arte que fosse útil para a vida. Passado um certo tempo, ele volta para casa e o pai, de pronto, o indaga a respeito do que ele aprendera durante o tempo em que esteve fora de casa, o que o filho respondeu:
- Pai, aprendi a interpretar o canto dos passarinhos!
Decepcionado, o pai o repreende e, com os olhos cheios de esperança, o envia novamente com a mesma incubência.
Decorrido mais um certo tempo ele regressa para casa e como resposta à indagação do pai, responde que aprendeu o coachar das rãs. Desta vez, o pai se aborreceu sobremaneira e decidiu mandá-lo para fora de casa de modo que só voltasse algum dia com uma profissão.

O filho saiu perambulando de aldeia e em aldeia até que em um desses dias comuns, bateu na porta de um castelo para pedir ao rei daquela região que lhe concedesse pernoitar em algum canto do castelo. De improviso, o rei apresentou a torre do castelo com a seguinte recomendação:
- Meu filho, aqui só há espaço na torre do castelo. Porém, devo advertir que lá residem os cães feroses que já mataram mais de um.
A criança imediatamente aceitou a oportunidade e falou:
- Não tem problema magestade, eu me dou muito bem com os cães!
Ao entrar no recinto, como sabia falar a língua dos cães, o menino foi logo saldando:
- Olá, meus amigos!!! Fiquei sabendo que vocês eram feroses!
Surpresos, os cães apressaram-se e disseram:
- Só somos feroses porque guardamos um grande tesouro aqui na torre, mas como você foi a única pessoa que falou conosco, queremos mostrar-lhe toda a riqueza do rei.

Com efeito, para desvendar as riquezas escondidas no subterrâneo do nosso interior, é fundamental que tenhamos a coragem de lidar com realidades tenebrosas e assustadoras. Para vencermos nossa negatividade é preciso que aprendamos a linguagem de nossa própria fraqueza e, a partir de então, descobrirmos a riqueza que há em nós!